sexta-feira, agosto 18, 2006

Elogio do Amor




"Há coisas que não são para se perceberem. Esta é uma delas. Tenho uma coisa para dizer e não sei como hei-de dizê-la. Muito do que se segue pode ser por isso, incompreensível. A culpa é minha. O que for incompreensível não é mesmo para se perceber. Não é por falta de clareza. Serei muito claro.
Eu próprio percebo pouco do que tenho para dizer. Mas tenho de dizê-lo. O que quero é fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão. Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática. Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria.
Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em "diálogo". O amor passou a ser passível de ser combinado. Os amantes tornaram-se sócios. Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões. O amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem.
A paixão que devia ser desmedida é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão prática. O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade ficam "praticamente" apaixonadas.
Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas, farto de compreensões , farto de conveniências de serviço.
Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje. Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas e cantina, malta do "tá bem, tudo bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas, já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor,a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo? O amor é uma coisa a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso "dá lá um jeitinho sentimental".
Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso.
Odeio os novos casalinhos. Por onde que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores. O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade. Amor é amor. É essa beleza. É esse perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. É uma questão de azar. O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto.
O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor. A "vidinha" é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não é para perceber. o amor é um estado de quem se sente. o amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende. O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser. O amor é uma coisa a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem.
Não é para perceber. é sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder.
Não se pode resistir. A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a vida inteira, o amor não. Só um mundo de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também"

Miguel Esteves Cardoso


16 Comentários:

Às sexta-feira, setembro 08, 2006 6:09:00 da tarde , Anonymous Anónimo disse...

plágio...nunca pensei gab!

 
Às sábado, setembro 09, 2006 10:04:00 da manhã , Blogger Gabriel disse...

Oh menino Sílvio e Cª Lda, não é plágio! :)
Ao menos podiam assumir quem são!!
Ah, e não retirei o texto do vosso blog.. o vosso tem erros . ahahahha

 
Às domingo, setembro 17, 2006 11:56:00 da tarde , Anonymous Anónimo disse...

caro gab, venho aqui declinar qualquer envolvimento nesse blog que se denomina de "lugar comum", quanto ao texto que copias-te.. acho mal, mas como te deste ao trabalho de corrigir uns erros.. :)
não tendo mais nada a dizer, excepto umas considerações finais:
jnlt, nfrsct e devolve-me a plus!

 
Às segunda-feira, setembro 18, 2006 12:14:00 da tarde , Blogger Gabriel disse...

Devolvo sim sr!
Mas caro amigo Sílvio &Cª... basta fazeres um copy ao texto e verás que o blog "lugar comum" não é o único que tem esse texto... ok? :)
Além disso tb não percebo... ainda se o texto fosse de algum de vós! :)
Ai Ai...
Bem... e não era pra isto que coloquei o texto aqui. É sobre amor e era sobre amor que era para ser comentado.
Jnlt tb tem direitos de autor... cuidado:) e sou eu!!
Jnlt

 
Às sexta-feira, setembro 22, 2006 12:39:00 da manhã , Blogger Alcoviteiro disse...

plagio é crime... ainda falavas tu do pobre zé!

 
Às sexta-feira, setembro 22, 2006 12:45:00 da manhã , Blogger Alcoviteiro disse...

coitado do zé... é um incompreendido!

 
Às sexta-feira, setembro 22, 2006 12:45:00 da manhã , Blogger Alcoviteiro disse...

tou mmo com mta pena do zé:(

 
Às sexta-feira, setembro 22, 2006 12:46:00 da manhã , Blogger Alcoviteiro disse...

comecei a chorar pelo zé!

 
Às sexta-feira, setembro 22, 2006 12:46:00 da manhã , Blogger Alcoviteiro disse...

"pobre zé"

 
Às sexta-feira, setembro 22, 2006 12:46:00 da manhã , Blogger Alcoviteiro disse...

:(

 
Às sexta-feira, setembro 22, 2006 12:46:00 da manhã , Blogger Alcoviteiro disse...

...

 
Às sexta-feira, setembro 22, 2006 12:47:00 da manhã , Blogger Alcoviteiro disse...

sniff sniff

 
Às sexta-feira, setembro 22, 2006 11:18:00 da manhã , Blogger Gabriel disse...

Eu vou também chorar pelo zé...

 
Às sexta-feira, setembro 22, 2006 11:18:00 da manhã , Blogger Gabriel disse...

Pera lá,... sabe bem chorar pelo Zé!!

 
Às sexta-feira, setembro 22, 2006 11:18:00 da manhã , Blogger Gabriel disse...

:)

 
Às sexta-feira, setembro 22, 2006 11:19:00 da manhã , Blogger Gabriel disse...

Do best!!! Oh Zé!? Parte aí uma perna, ou a cabeça ou assim... qualquer coisa muito desagradável, prara eu chorar por ti.

 

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