sexta-feira, janeiro 12, 2007

Amo-te Fado!




Apetece-me hoje escrever sobre o fado.
Aparentemente trata-se, então, de escrever sobre sensação audível. Mas, para quem gosta, para quem aprecia, para quem ama… para mim, trata-se de escrever sentidos. E como alguém diria, trata-se de “sentir mais que escrever”.
Escrever sobre algo que tanto amo (e é mesmo essa a palavra) torna-se até ridículo por isso mesmo, por o amar. Porquê? Simplesmente porque as minhas palavras não satisfazem os meus sentidos… por mais que tente.
Posso falar-me a mim mesmo um pouco do que o fado me provoca, mas há sempre uma palavra reclamada, não dita, não conhecida, que fica por escrever. Digo tudo, tento abranger ao máximo os horizontes que vejo no fado, sem que para isso crie limites… mas por mais que diga, mais me ocorre e o pior é que não há palavras que o descrevam.
Há instantes em que o prazer é tão imenso que dá até vontade de chorar. Por puro prazer… por amor à vida. Por naquele momento sentir que a vida faz tanto sentido que quase lamento todos os outros instantes em que não faz… ali mesmo.
E naquele momento. Aquele em que arrepia, que nos aperta o coração e nos deixa numa miscelânea de sentimentos que, no entanto, torna-se confortável. É uma calma triste. Uma paz ansiosa. Uma efemeridade vagarosa. Intensidade apaixonante. E tanto… tanto mais. Se eu pudesse escutar os corações e entender-lhes as palavras aquando escutam e sentem um fado… se eu pudesse, se eu conseguisse! Se eu soubesse, quem sabe escreveria sobre fado! :)
Mas não sei. Não consigo. Não sei escrever como quem sente o fado. Quem me dera conseguir condensar os meus prazeres em sentir o fado num só… e nele escrever como quem sente.

Eu… eu deleito-me com um fado ao meu gosto!
Para mim, o ambiente ganha requinte, as sombras adquirem vida e tornam-se companhia… os sentimentos confessam calma e sossego. A vida parece fazer sentido.



Adoro, acho o fado fantástico! Tanto a capacidade de nos tirar da melancolia de “mais uma manhã”, como o talento que tem em conseguir condensar tanto sentimento num só “resultado” e, assim, beijar-nos o coração, sempre como se fosse uma primeira vez.

Ampliando o discurso musical para outros géneros que não somente o fado, devo dizer que a música em si, e aqui falo de todas, da harmonia dos sons e dos silêncios no tempo, é para mim uma das coisas mais belas da vida. Inspira, aprecia, partilha, comemora, demarca, completa, vive, permanece, recorda, sente… no fundo, faz sentido. Como arte, só faz sentido enquanto partilhada e, por isso, no caso do fado…
…amo particularmente.

Apetece-me com ele partilhar. Faz-me sentir que a vida faz sentido. E sabe tão bem quando realmente nos sentimos confortáveis na vida. Não é dizê-lo de boca para fora. É senti-lo no coração cá dentro. É decerto a melhor sensação possível! :) Viver não só por castigo, mas por prazer, como se… sei lá… como saber que se parte dali a poucos momentos, mas, mesmo assim, continuar a fazer exactamente o mesmo porque a vida naquele momento está a fazer sentido.
É o gesto sem vergonha que se transmite a quem está ao nosso lado, ou mesmo à sombra de um desconhecido. É o abraço… é o sorriso… é o balancé animado… é um choro vencido pela intensidade de sentimentos, … é, na sua essência, uma forma que a Vida profunda encontrou de dar uma espreitadela ao superficial.

Pedaços de vida, história sofrida, alegria derretida, lágrima contida, magia de poetas que um dia escutaram sentidos… gritos, arrepios, risos… viagens por um mundo legível, audível, melodível… e num fim de tudo, saiu “fado”, numa harmonia perfeita entre o tanto e o a demais. :)

O fado provoca, toca, emociona, comove, agita, acalma, arrepia, aquece, enlouquece… puxa por e para tanto… pede por tão pouco.

O fado faz sentir, é por isso que aqui estou a falar-me dele, embora em silêncio e sem fado que me acompanhe. No entanto, o fado permanece e deixa depois de ouvido.
É, então, que venho repousar um pouco nas minhas memórias e deixar-me ser beijado pelos meus sentimentos.

Dá vontade de viver, de partilhar vida… e por isso mesmo sinto-me grato por ter com quem partilhar o fado. :)

Termino com a memória a reproduzir “Ó gente da minha terra”, lindo! :)

Obrigado fado, por cada vez que me tocas…
… obrigado assim por me recordares que estou vivo.


Malta fixe… amei o jantar da Nazaré acompanhado por fado. :)Para quando uma próxima visita à Dª Silvina e sua filha Catarina??

3 Comentários:

Às sábado, janeiro 13, 2007 4:19:00 da tarde , Anonymous Anónimo disse...

:) por mim, poderíamos comemorar o final deste semestre com uma visita ao dito local.... :) Neste momento estou exilado, mas logo que possa, regresso ao reino.

 
Às quinta-feira, janeiro 18, 2007 12:38:00 da tarde , Blogger Gabriel disse...

O trono espera por ti

 
Às quinta-feira, janeiro 18, 2007 4:06:00 da tarde , Blogger *Nádia Alexandra* disse...

A sra de quem falas é a tal com quem danças-te?:)não sei porquê mas, gostei da frase "sentir mais que escrever"!;) *bjo*

 

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial